domingo, 29 de agosto de 2010

Fogo sereno

"Um homem do povoado de Neguá, na costa da Colômbia, pôde subir ao alto céu. Na volta, contou. Disse que havia contemplado, lá de cima, a vida humana. E disse que somos um mar de Foguinhos.— O mundo é isso, revelou. Um montão de gente, um mar de Foguinhos.Cada pessoa brilha com luz própria entre as demais. Não há dois Fogos iguais. Há Fogos grandes, Fogos pequenos e Fogos de todas as cores. Há pessoas de Fogo sereno, que nem percebem o vento, e pessoas de Fogo louco, que enchem o ar de faíscas. Alguns Fogos, Fogos bobos, não iluminam e nem queimam, mas outros ardem na vida com tanta vontade que não se pode vê-los sem pestanejar, e quem se aproxima se acende."

(Galeano, El libro de los abrazos, Siglo XXI.)

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